Em sintonia com a campanha “ Juntos” (We together) a Cáritas Brasileira, e emcoletivo com aCáritas Peru e a Cáritas Bolívia, realizaram o V Encontro de Cáritas Diocesanas, Regionais e Nacionais, para discutir como transformar ideias e reflexões em ações concretas em 2023, para o fortalecimento dos trabalhos, em fronteiras e local.
O encontro aconteceu entre os dias 06 e 08 de Dezembro em Puerto Maldonado no Peru, e contou com a participação de cerca de 30 agentes que, durante os três dias, analisaram os avanços e desafios nas ações da Tríplice Fronteira, e teve como um dos principais focos a discussão sobre as mudanças climáticas, combate ao tráfico de pessoas e acolhimento às pessoas migrantes.
Defesa da natureza
Na temática da discussão sobre o clima, principal ponto levantado pela campanha “Juntos”, articulada pela Cáritas Internacionalis com o objetivo de aproximar as pessoas para realizar novas ações e iniciativas, especialmente de base, que combatam a pobreza, restituam a dignidade aos excluídos e protejam a natureza, no espírito da ecologia integral, através de comunidades de cuidado, houve uma mesa de discussão do tema com o agente Iremar Ferreira, da Comitê de Defesa da Vida Amazônica na bacia do rio Madeira- COMVIDA e o Professor Valdir Souza, Doutor em História e Sociedade UNESP/Assis,. Eles enfatizaram a importância dos povos originários e comunidade nativas para a conservação dos recursos naturais. “Hoje, com a crise ambiental, o capitalismo verde ameaça os povos e lugares que ainda resistem.” Alertou o professor Valdir. Os participantes visitaram juntamente com a Cáritas Madre de Dios, o espaço agroecológico da Cáritas Peru. A atividade contou com demonstrações culturais de plantio e colheita. Os representantes puderam plantar árvores frutíferas no local e saber sobre as diversidades de plantas locais.
Migração e Refúgio
Na oportunidade, a Cáritas Brasileira, Cáritas Madre de Dios e Cáritas Peru, também apresentaram suas experiências no processo de incidência política na pauta de migração e refúgio. A assessora nacional da Cáritas Brasileira, Clarissa Paiva, falou das frentes de atuação sobre o tema, ações estratégicas realizadas nos espaços regionais e nacionais no Brasil. Lindaci Ferreira Franco, assessora de incidência, projeto Orinoco III/AC, conta sobre a articulação para abertura da casa de passagem, localizada em Brasileia, no Acre. “O projeto Orinoco possibilitou o atendimento aos migrantes e brasileiros vulneráveis, como indígenas, pessoas em situação de rua. No espaço, a ação oferece apoio juridico, campanha sobre abuso sexual e de crianças, combate ao Covid- 19 e conscientização de higiene, com o espalo WASH, para banho, lavagem de roupas e água potavel”. O Padre Elias Sipiri, da Iglesia y Migración, falou um pouco da realidade do trabalho na Bolívia e dos preconceitos enfrentados para acolher os migrantes, que ocorrem até mesmo na forma de se referenciar. “Quando dizemos que uma pessoa é ilegal, estamos criminalizando e dizendo que essa pessoa cometeu um delito. Toda pessoa tem o direito de migrar, sendo assim, não está fazendo nada errado, então devemos usar o termo irregular para se referir aqueles que migram em busca de melhores condições”explica.
Também houveram depoimentos emocionantes de migrantes atendidos pelas equipes das Cáritas do Brasil e Perú. De forma presencial, Solimar Fuemayor se emocionou ao contar sobre sua busca por melhores oportunidades junto ao seu companheiro, ao migrar para o Peru, grávida de 4 meses. Solimar falou da sua dificuldade em conseguir emprego e do apoio dos agentes Cáritas que recebeu em Madre Dios. Hoje, trabalha contra a violência de gênero e é ativista de direitos humanos.
Os depoimentos dos migrantes atendidos pela Cáritas Brasileira foram mostrados através da fala do Padre Robson, pároco de Brasiléia, no Acre, e de vídeos, onde foi mostrada a história de Tânia, migrante venezuelana atendida pela rede em Roraima. A fala de Tânia pode ser conferida no YOUTUBE, através da série “Por todas nós” (Confira aqui).
Foram apresentadas ainda, as experiências na área de atuação em economia popular solidária. Em seguida, os participantes definiram os pontos e atividades importantes na matriz de intervenção de 2023 com definição do próximo encontro da tríplice a ser realizado no próximo ano, entre outubro e a primeira quinzena de novembro, na Bolívia.
Siga-nos: